sábado, 30 de junho de 2007

Piada antes da execução

"A morte me libertou. Esta é a melhor piada."

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Histórias e estórias

Eu gosto de ler e contar histórias... esses dias vi isso aqui escrito numa revista:
Yiannis argumenta que a experiência e a vida humana são vividas na forma de estórias. Seres humanos são as únicas criaturas na Terra que contam estórias. Pelas estórias, reorganizamos nosso passado e tentamos ter algum controle sobre nosso incerto futuro. Estórias ajudam a dar coerência e a compreender um mundo cada vez mais caótico e sem sentido. Ao construir nossas estórias, construímos a nós mesmos.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

O pavor de um gatinho

Tive um gatinho filhote, dez anos atrás.

Num dia de mau humor, sei lá por quê, achei de ralhar com o gatinho, que só estava brincando para lá e para cá.

Do seu pequeno tamanho, aquela criatura viu vindo do alto um ser cheio de fúria, ao qual sua pobre condição nunca poderia resistir...

Ainda me entristece a lembrança de ter causado aquele pavor. Em um segundo, certamente envelheci aquele filhotinho. Tenho a sensação de ter sido, para ele, o que o Universo é para o homem.

terça-feira, 26 de junho de 2007

As pessoas práticas

Eu sabia que as pessoas práticas iam falar que este blog é "pose", coisa de gente que não tem o que fazer. Mas eu tenho o que fazer, este blog me ocupa por tão pouco tempo!

Claro que não adianta eu dizer isso, pois ainda querem me jogar na cara: "por que não se matou ainda?".

As pessoas práticas!

Bom, elas têm urgência para tomar atitudes, querem fazer tantas coisas! Mas, se existe algo que uma suicida pode ser, é despreocupada. Eu vou morrer, ficar com pressa para quê? Não estou planejando fazer nada depois.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Internet ensina o suicídio

Sites russos que ensinam como se matar

Mas eu acho que a internet é muito mais benéfica do que maléfica para os solitários e deprimidos...

domingo, 24 de junho de 2007

Comentário promovido a post

Para pensar é preciso tentar apagar os clichês. Não que eu consiga! Mas tento.

Um clichê é um pensamento pronto, que pensa pela gente. Por exemplo, não é verdade que um copo esteja sempre meio cheio ou meio vazio "dependendo" de quem o interpreta. Dizer isso nos induz a escolher uma interpretação. O fato é que não "depende" de nada. Um copo meio cheio é, ao mesmo tempo, um copo meio vazio.

Somos obrigados a aceitar que "a morte faz parte da vida". Mas não posso ser obrigada a gostar disso.

Tentar contrapor crianças nascendo a pessoas morrendo talvez seja, por enquanto, um clichê sofisticado, pois é somente a segunda vez que o ouço. No mínimo, é uma tendência. Mas muita gente, até mesmo que vive com alegria, se recusa a colocar mais uma vida no planeta. O que é outro clichê, por sua vez. Mas é simplista imaginar que uma criança frágil e sem história possa substituir as pessoas às quais nos habituamos e aprendemos a apreciar durante tanto tempo.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

"A morte é uma coisa natural"

Esse lugar-comum ("a morte é uma coisa natural") serve para tentar consolar a gente de que morremos, de que não há escolha quanto ao futuro deste nosso cérebro e deste nosso coração.

Mas falamos da morte sempre como uma coisa muito distante... parece que ela não existe.

Aquele apresentador de TV conhecido como "caçador de crocodilos" morreu atacado por uma arraia, enquanto gravava seu programa. Depois do desespero da equipe, da correria inútil para tentar salvá-lo, lembrou-se da fita na câmera, que havia registrado aquele momento terrível.

Além de não ter ido ao ar, dizem que a produtora entregou à viúva a fita original, sem ter feito nenhuma cópia. E dizem que a viúva destruiu a fita, provavelmente sem vê-la.

Se "a morte é uma coisa natural", por que ninguém pode ver essa fita?

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Eterno?

Vida eterna ou morte eterna? Seja como for, passaremos pelo quê?

A morte eterna até já me parece uma coisa aceitável. Um fim, um descanso de verdade.

(A morte: uma ausência total de preocupação com a morte.)

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Uma data marcada?

Talvez eu já tenha uma data. Estou pensando ainda. Sim, eu vou deixar todos saberem.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Comentários elevados a post

Eu não estou aqui para mudar o mundo. Vocês já viram as estatísticas de suicídio? Eu compreendo, as pessoas se preocupam com isso, os governos... mas será que os suicídios são mesmo um sinal de que o "sistema" está com problemas? Mas qual sistema? O sistema dos homens ou o todo o "sistema da existência"?
em 1 de junho de 2007

Meu nome é Carina e eu sou brasileira. Depois de muitas coisas que aconteceram em minha vida, eu estou sentindo um grande tédio. Eu fui casada e me separei. Mas não pense que é o divórcio que me faz querer sair da existência...
em 28 de maio de 2007

segunda-feira, 18 de junho de 2007

A vida e a morte

Anteontem falei do homem que será executado daqui a 9 dias, no Texas.

Ele viveu 16 anos no corredor da morte, preso, mas não se matou.

Em situações consideravelmente melhores, outras pessoas (talvez eu mesma seja um caso) pensam em tirar a própria vida. Mas a vida dele, que quer viver, é que será tirada.

Podem até imaginar que ele esteja aliviado com a proximidade do fim dessa situação, mas há gente se esforçando para mantê-lo vivo...

domingo, 17 de junho de 2007

Os idiomas também se suicidam?

Um pesquisador, que não está sozinho, vem fazendo grandes esforços para manter vivas línguas que estão se extinguindo aos poucos. Muitos motivos, incluindo a globalização, têm feito com que dois idiomas desapareçam em média, por mês.

Para tentar salvar a maioria deles, os interessados estão apelando para a internet.

Eu acho que ninguém está fazendo nenhuma maldade com os idiomas, como se pensa à primeira vista. Idiomas não sentem dor, eles poderiam ser abortados e até mesmo condenados à morte, se julgássemos necessário.

Mesmo assim, ninguém condena idiomas à morte. Eles se suicidam.

As pessoas precisam de idiomas somente para se comunicar. Ninguém matou o latim, por exemplo. O português é uma continuação do latim. O latim foi se transformando de acordo com o uso das pessoas, recebendo incontáveis influências, até que deixou de existir na forma como Sêneca o conheceu.

Algumas línguas desaparecem porque os últimos indivíduos que as falam morrem, enquanto alguns descendentes que poderiam mantê-las se misturaram a outros povos ou a outras nações e agora estão usando os idiomas de que realmente necessitam.

sábado, 16 de junho de 2007

Contar uma piada antes de morrer

Parece que, quando disseram a Sócrates que estava condenado à morte, ele respondeu: "Quem não está?".

Seja isso verdade ou não, esta é que deveria ser a "piada" contada por Patrick Knight antes de receber a injeção letal no Texas.

Ele está há 16 anos no corredor da morte, admite que é culpado de assassinato e, como "últimas palavras", quer contar uma piada. Está organizando um concurso pela internet, para ter repertório para escolha.

(A página se chama Dead Man Laughing, mas não encontrei o link.)

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Dinheiro sim!

Um conhecido de internet opinou que eu tenho toda a razão ao escrever, como fiz ontem, que o dinheiro não é algo pelo qual valha a pena se matar.

Como eu gosto de discordar das pessoas, começo a discordar de mim assim que elas concordam comigo.

A vida não faz sentido, e precisamos de fugas. Viver pelo dinheiro é uma dessas fugas, assim como viver por um ideal de esquerda, por um sonho artístico, por uma moral religiosa.

Paradoxalmente, viver pelo dinheiro é uma fuga para o problema existencial, e de tal modo apaixonante (como as demais fugas), que talvez seja até aceitável que uma pessoa se suicide após ver todo o seu capital pulverizado.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

O dinheiro

Houve pessoas que se mataram quando quebrou a Bolsa, em 1929. Isso ocorreu no mundo inteiro.

(É de impressionar a tal "volatilidade" do mercado. Fica meio difícil de entender como um papel pode "virar pó" de um dia para o outro. Parece que o pior é operar com "opções". Bom, eu exerço a opção de não operar!)

Em 1990, com o plano Collor, que confiscou poupanças, também teve gente que se suicidou...

Eu nunca pensaria em me matar por causa de dinheiro. O que significa que tudo depende de nossos valores. Os motivos que me levam a querer nunca ter nascido são de outra qualidade. Eu ia escrever que são motivos "mais nobres", mas quem sou eu para determinar o que tem nobreza e o que não tem?

quarta-feira, 13 de junho de 2007

"A física da alma"

Amit Goswami, p. 90.

Nos últimos dez anos de sua vida, o pai de Tim foi ficando cada vez pior, praticamente vegetativo. Um dia, porém, quando Tim e seu irmão estavam sentados a seu lado, ele ficou pálido e caiu para a frente, na cadeira. O irmão de Tim disse a este para telefonar para um hospital. Mas, antes que Tim pudesse responder, a voz de seu pai - que há dez anos ele não ouvia - interrompeu: "Não telefone para ninguém, filho. Diga à sua mãe que eu a amo. Diga-lhe que estou bem". E morreu. Mais tarde, a autópsia mostrou que o cérebro fora destruído pela doença. Abala nossas convicções comuns a respeito da morte, não?

terça-feira, 12 de junho de 2007

Um pouco do casamento

Meu casamento teve requinte, elegância. Coisas que para mim não têm valor algum hoje em dia.

Fiquei casada por bastante tempo, vários anos.

Eu iria aborrecer vocês demais querendo explicar como foi esse casamento. Quem dentre meus leitores foi casado, por pelo menos alguns anos? Duvido que seja muito diferente. Momentos lindos, momentos horríveis, ciúmes na quarta-feira, no sábado a plena confiança. Enfim, não interessa a ninguém esses detalhes. Brigas, quase separações, de raiva rasguei uma toalha de banho com as mãos em oitocentos pedaços. Com as mãos!

Agora estou tão tranqüila que não poderia cortar um guardanapo (de papel) com uma tesoura.

Mas a separação não saiu de nenhum desses momentos mais intensos. Pelo contrário. Depois eu conto como foi...

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Mais sobre mim

Eu penso com minha própria cabeça.

Já me disseram que eu era passiva e seguia tudo o que o meu marido pensava. Diziam que eu era submissa por fazer na cama tudo o que ele me pedia. Isso só prova que as pessoas dão importância para detalhes pequenos demais. Insignificâncias.

Queimar um sutiã é apenas destruir um objeto material que algumas pessoas, em algumas circunstâncias e por alguns motivos, pode considerar útil.

Mas não vamos misturar as coisas. Só quero dizer é que, se o feminismo é em essência uma libertação, então não é feminismo nenhum você seguir correntes e imitar outras pessoas.

Grandes exemplos são importantes, mas um exemplo é aquilo que nos faz aprender, e não algo que nos faça agir sem pensar.

Estou irritada hoje, não parece? As frases estão pouco harmônicas, mas não tenho vontade de arrumar.

Mas insisto: penso com minha própria cabeça. O que me irrita é quando, mesmo depois de separada, digo que aprendi muitas coisas com o meu marido e as pessoas acham ruim. Qual é o problema? Todos aprendemos com todos. Em especial pessoas que convivem por algum tempo. Ele aprendeu muito comigo também.

Eu não sou submissa, nem meu pensamento. Prova disso é que os espíritas, como já comentei aqui, reprovam completamente o suicídio. E saibam que meu marido era espírita.

domingo, 10 de junho de 2007

Procurar Jesus?

Alguns dias atrás um comentador anônimo aqui do blog pediu-me que procurasse Jesus.

Onde eu poderia encontrá-lo?

A pergunta parece cínica, mas é sincera. Eu respeito todas as crenças, e talvez ainda mais a cristã, que foi a que me criou. Li a Bíblia, em especial o Evangelho.

Outro dia ganhei um vaso de lírios alaranjados. São tão lindos que é impossível não se lembrar de Jesus dizendo "Olhai os lírios do campo, eles não fiam nem tecem", etc.

(Ou, como diz um conhecido meu, Jesus falava: "Vinde a mim as criancinhas, elas não fiam nem tecem, mas dão a Deus o que é de Deus".)

Já vi gente perdendo tempo tentando provar que Jesus não existiu. É uma perda de tempo porque a existência física e histórica de quem conhecemos como "Jesus Cristo" é menos importante do que os ensinamentos tão interessantes que foram registrados nas Escrituras.

Se saíram da cabeça de um nazareno que foi crucificado ou de algum indivíduo letrado e genial, qual a diferença?

Mesmo assim, acreditar no céu e no inferno, na própria vida após a morte, tudo isso é outra história muito diferente...

sábado, 9 de junho de 2007

Tempo bom no Estado de São Paulo

Há muitos dias que a meteorologia promete (e cumpre!) tempo bom para o estado de São Paulo. Muito sol, temperatura agradável e com estabilidade...

Este domingo parece que não vai ser diferente.

Esqueci o nome do principal sociólogo que estudou os suicídios. Não li seu trabalho, mas estudei algumas boas resenhas. Quando li, meu interesse pelo suicídio era exclusivamente teórico, temático.

Parece que os domingos têm a maior incidência de suicídios. A explicação é simples: as pessoas solitárias ficam abandonadas, à parte daqueles que descansam ou se divertem. O trabalho, ele mesmo!, é o que ajuda o deprimido. Eu detesto esses clichês todos, já deu pra ver, mas tem hora que é inescapável: "cabeça vazia, oficina do diabo".

Coitados dos suicidas... mesmo se acreditam estar agindo com um impulso bem do fundo de sua individualidade, são depois rotulados todos, catalogados e explicados em termos de multidões...

Mas o domingo terá sol, e tenho certeza de que a maior parte das pessoas ficará viva.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

A frase do blog

Eu estou viva. Ainda.

É o que está lá em cima, abaixo do título. Aí tem gente que fala que é uma frase mórbida, de uma suicida, de uma pessoa sem nenhuma esperança.

Mas para quem não é verdadeira essa mesma frase?

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Espiritismo

Estou tentando entender essa idéia de viver eternamente. Não tenho nada contra. Acontece que "eternamente" é muito tempo. Tempo demais.

Não podemos compreender o infinito. Os próprios espíritas dizem isso. Mas me parece que Kardec chamava o espiritismo de "ciência do infinito". Mas o infinito cabe na ciência?

A morte eterna pode nos causar medo. Mas a existência eterna do infinito não parece ainda mais apavorante? Calma, estou só fazendo perguntas.

Preciso confessar uma coisa. Assim como Pascal fez a "aposta" de que Deus existe, pois apostando nisso teria tudo a ganhar se estivesse certo e nada a perder se estivesse errado, eu também fico pensando se os espíritas não podem estar certos quanto ao terror que inspiram aos potenciais suicidas.

Vou me explicar melhor. Os espíritas dizem que a alma continua viva após a morte e que os suicidas recebem duríssima punição. Ou estão certos ou estão errados.

Se estão errados, o suicídio não tem nada demais: a pessoa que se julga atormentada foge do tormento e, mergulhando no nada, não sofre punição nenhuma.

Se estão certos, o suicídio é o pior que uma pessoa pode fazer: a pessoa que se julga atormentada se mata e acaba caindo num tormento ainda maior que o que poderia continuar a ter em vida.

Pois o que confesso é isto: eu não acredito no espiritismo, só que também não duvido. Incapaz de decidir, tenho o receio de que os espíritas estejam certos. (E, por mais um dia, permaneço viva.)

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Não se pode ter alegria nunca?

Cheguei a pensar, sobre minha postagem de ontem, que estava "traindo" o espírito do blog, com uma repentina confissão de alegria.

Não sei se alguém percebeu isto: que a postagem de ontem foi alegre e esperançosa. Pelo menos não houve nenhum comentário nesse sentido, e o único que apareceu até agora dizia para eu "deixar de bobeira" e conhecer Jesus. É provável que a pessoa estivesse se referindo ao blog todo, sem prestar a atenção na postagem específica.

Aliás, depois de tantos comentários de fundo religioso, acho que é melhor eu desenvolver um pouco mais o que penso da religião.

Mas vou deixar isso para amanhã: vou voltar ao espírito do blog (se é que blog tem espírito), dizendo o que penso de Deus, já que não tenho como saber o que Deus pensa de mim.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Um dia para permanecer viva

Hoje foi um dia muito interessante.

Desde pequena, a interação com as pessoas é uma das coisas que de fato me proporciona alguma satisfação. Interação quer dizer contato social, não necessariamente algo físico, mais íntimo, nem mesmo amizade.

Por exemplo, ter empatia com uma pessoa e, no espaço de uma hora, fazê-la de total desconhecida em alguém mais próximo, alguém a quem se poderá ligar e ser recebida com alegria.

Poderiam explicar que é muito natural, em especial por causa da minha personalidade, que eu dê tanta importância a um fato trivial assim. Ele me "integra" ao mundo, é o que pode ser dito. Deve ser verdade.

A tarefa seria, portanto, evitar ser "desintegrada".

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Por que escrevo este blog

Algumas pessoas parecem achar estranho que uma "suicida" fique aqui escrevendo sobre livros e idéias, respondendo pacientemente aos comentários, quando deveria estar estirada debaixo do edredom, desfrutando da depressão.

Mas as pessoas são diferentes, né?

Eu escrevo este blog para refletir, com a ajuda de vocês que lêem, sobre o que é a vida e a morte. Não tenho a presunção de que chegarei a uma resposta correta.

Não posso condenar o modo de vida das pessoas. Eu só não entendo direito quando alguém fala que se deve só "curtir a vida". Todo ano perdemos pelo menos um "ente querido", às vezes de forma trágica. Eu precisaria conhecer algum fundamento para "curtir" a vida nessa situação.

Conheço uma família que perdeu um integrante em acidente de automóvel, no começo do ano. Com trinta e poucos anos, tinha pais vivos, vários irmãos e dois filhos. Esses pais vivos acreditam em Deus. Segundo me consta, a mãe é espírita, ou no mínimo simpatizante. Acreditar em Deus ou na imortalidade dos espíritos não diminuiu o sofrimento desesperado de ambos.

Talvez no fundo cada pessoa saiba, sem perceber muito bem, que o Universo e a existência são estranhos demais para serem tolerados com o auxílio de qualquer "idéia" que seja.

domingo, 3 de junho de 2007

Por que tomarei essa atitude

As pessoas estão perguntando por que penso em me matar e, se estou mesmo certa disso, por que ainda não o fiz.

Eu tenho muita dificuldade para explicar exatamente as razões de minha decisão. É preciso falar de tanta história que seria mais fácil escrever um livro. Em três ou quatro linhas não consigo.

Claro que ninguém acha simples a própria cabeça. Não acho que a minha seja mais complexa do que as de outras pessoas, sejam elas suicidas ou não. Mas não dá para dizer que tenho "depressão" e considerar tudo explicado. Até porque depressão é somente uma coisa química, basta você ter uma receita adequada para o seu caso.

Já ouvi falarem que a existência é um milagre, mas, se pensarem bem, verão que essa é apenas uma daquelas frases que não dizem nada. Qual a diferença entre "milagre" e "absurdo"? A existência é tão absurda que, mesmo que essa constatação nos encaminhe para o suicídio, logo percebemos que talvez o próprio suicídio seja também um absurdo.

Eu avisei que não dava para explicar em três ou quatro linhas. Mas, aos trancos e barrancos, e provavelmente sem clareza alguma, expus aí por que penso em me matar e por que não fiz isso ainda...

sábado, 2 de junho de 2007

Quem quer ser imortal?

Swift, em Viagens de Gulliver, imagina um povo longínquo, onde eventualmente nascem seres especiais, que nunca morrem. Ao conhecer esse povo, Gulliver pensa que tais seres são as criaturas mais felizes que existem. Ao contrário, são-lhe apresentadas pelos normais como as mais desafortunadas, pois se perpetuam numa cada vez mais dolorosa velhice.

Até mesmo uma "deliciosa comédia romântica" (clichê adorável) como o filme O feitiço do tempo mostra o quanto a eternidade pode ser assustadora. Claro que a produção mantém um tom de humor leve e disfarça essa cansativa infinitude em benefício da agilidade do filme, mas mesmo assim vemos Bill Murray tentando se matar das mais diversas maneiras. Em vão: ele sempre acorda de novo, intacto, no dia ao qual está preso.

Qual a diferença entre o desespero de ficar vivo para sempre na Terra e o desespero de ficar vivo para sempre como um suposto espírito?

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Suicídio depois da morte

Um comentário que veio ontem ou anteontem me fez lembrar deste trecho do Woody Allen. É engraçado, mas não é que é trágico?

Tentei de novo o suicídio. (...) Ainda obcecado pela idéia da morte, não consigo sair da fossa. Fico me perguntando se haverá vida depois da morte e, se houver, se eles me permitirão chegar ao fim dos meus dias.

É do livro "Sem plumas".