Quem quer ser imortal?
Swift, em Viagens de Gulliver, imagina um povo longínquo, onde eventualmente nascem seres especiais, que nunca morrem. Ao conhecer esse povo, Gulliver pensa que tais seres são as criaturas mais felizes que existem. Ao contrário, são-lhe apresentadas pelos normais como as mais desafortunadas, pois se perpetuam numa cada vez mais dolorosa velhice.
Até mesmo uma "deliciosa comédia romântica" (clichê adorável) como o filme O feitiço do tempo mostra o quanto a eternidade pode ser assustadora. Claro que a produção mantém um tom de humor leve e disfarça essa cansativa infinitude em benefício da agilidade do filme, mas mesmo assim vemos Bill Murray tentando se matar das mais diversas maneiras. Em vão: ele sempre acorda de novo, intacto, no dia ao qual está preso.
Qual a diferença entre o desespero de ficar vivo para sempre na Terra e o desespero de ficar vivo para sempre como um suposto espírito?
3 Comentários:
Olá Carina. Alguns dias atras foi meu aniversario. 20 anos. Como de costume vaguei sozinha pelas ruas frias e suja. Comprei meu cigarro, meio litro de café e o jornal. Vc disse q o ser humano aprendeu a gostar de espaços abertos, mass pra quem mora em cidade grande é dificil achar um cantinho para meditar. Fui ate o sexto piso de um shopping, era o estacionamento e o unico lugar aberto e com um ponco de claridade q consegui encontrar. Fumei algunas cigarros enquanto lia os leads do jornal "tirotei" "mais uma vitima da violencia" "morte em ..." e pensei fazendo um brinde com a garrafa de café: "Feliz aniversario". Mais uma vez nao entendi o sentido da vida, nao entendo pq temos q sofrar tanto se nao vamos chegar a lugar nenhum... ai nos sentimos sozinhos e criamos alguem pra tentarmos amenizar essa dor e demos o nome de Deus. Nao demorou muito e a noite caiu. Meus cigarros ja nao me aguentavam mais e troquei o cafe por vinho "feliz aniversario" feliz??? sera q eh feliz mesmo?? pq temos sempre q acreditar q vai ser melhor?? Cheguei em casa ja estava amnhecendo, as coisas ainda estavam no mesmo lugar q deixei ao sair, um silencio q quase me deixou surda. Moro sozinha a algum tempo... mas mesmo antes de morar sozinha eu ja estava sozinha, abandonada a sorte. Sou lesbica e minha familia nao me apoiu na minha escolha. Tive q sair de casa, viajar 2500 km deixar pra tras minha namorada, meus amigos e todos q amava com apenas 17 anos... Eu imagino como se sente... uma melancolia q parece nunca passar... eu nao quero ser imortal.
a existencia é injustificavel, vc pode morrer hj ou daqui 60 anos q não vai fazer a menor diferença. Uns dizem q devemos pensar nos entes, mas a vida é minha e não deles, prefiro morrer agora do q continuar tendo dissabores por mais, sei lá... 5 anos!
Bem... me atendo apenas a pergunta da Carina... não vejo diferença alguma, como comentei no post anterior quem quer viver p/ sempre(quem acha que quer eh pq nao pensou direito..rs), essa coisa de eternidade contradiz toda a sequencia lógica da vida, onde tudo tem início, meio e fim. Algumas pessoas, provavelmente temendo justamente essa última etapa, pressupoe uma eternidade após a morte, seja ela p/ reencarnação e evoluçao espiritual ou apenas p/ o eterno prazer ou sofrimento(Céu e inferno).
Isso nao faz mto sentido p/ mim.. nao mesmo.. e numa hipótese de que exista de fato essa vida eterna como garantir felicidade por tempo integral? Ah diriam uns.. o paraíso é maravilhoso.. nao existe motivo p/ a infelicidade.. Eu sempre penso.. como nao? será que campos verdes e céu sempre azul nao seria entediante depois de um certo tempo? ehehe.. ai ai.. mas quem sou eu p/ responder perguntas difíceis, a essa hora principalmente.
Postar um comentário
<< Página inicial