Piada antes da execução
"A morte me libertou. Esta é a melhor piada."
Eu estou viva. Ainda.
Eu gosto de ler e contar histórias... esses dias vi isso aqui escrito numa revista:
Yiannis argumenta que a experiência e a vida humana são vividas na forma de estórias. Seres humanos são as únicas criaturas na Terra que contam estórias. Pelas estórias, reorganizamos nosso passado e tentamos ter algum controle sobre nosso incerto futuro. Estórias ajudam a dar coerência e a compreender um mundo cada vez mais caótico e sem sentido. Ao construir nossas estórias, construímos a nós mesmos.
Tive um gatinho filhote, dez anos atrás.
Eu sabia que as pessoas práticas iam falar que este blog é "pose", coisa de gente que não tem o que fazer. Mas eu tenho o que fazer, este blog me ocupa por tão pouco tempo!
Sites russos que ensinam como se matar
Mas eu acho que a internet é muito mais benéfica do que maléfica para os solitários e deprimidos...
Para pensar é preciso tentar apagar os clichês. Não que eu consiga! Mas tento.
Esse lugar-comum ("a morte é uma coisa natural") serve para tentar consolar a gente de que morremos, de que não há escolha quanto ao futuro deste nosso cérebro e deste nosso coração.
Vida eterna ou morte eterna? Seja como for, passaremos pelo quê?
Talvez eu já tenha uma data. Estou pensando ainda. Sim, eu vou deixar todos saberem.
Eu não estou aqui para mudar o mundo. Vocês já viram as estatísticas de suicídio? Eu compreendo, as pessoas se preocupam com isso, os governos... mas será que os suicídios são mesmo um sinal de que o "sistema" está com problemas? Mas qual sistema? O sistema dos homens ou o todo o "sistema da existência"?
Anteontem falei do homem que será executado daqui a 9 dias, no Texas.
Um pesquisador, que não está sozinho, vem fazendo grandes esforços para manter vivas línguas que estão se extinguindo aos poucos. Muitos motivos, incluindo a globalização, têm feito com que dois idiomas desapareçam em média, por mês.
Parece que, quando disseram a Sócrates que estava condenado à morte, ele respondeu: "Quem não está?".
Um conhecido de internet opinou que eu tenho toda a razão ao escrever, como fiz ontem, que o dinheiro não é algo pelo qual valha a pena se matar.
Houve pessoas que se mataram quando quebrou a Bolsa, em 1929. Isso ocorreu no mundo inteiro.
Amit Goswami, p. 90.
Nos últimos dez anos de sua vida, o pai de Tim foi ficando cada vez pior, praticamente vegetativo. Um dia, porém, quando Tim e seu irmão estavam sentados a seu lado, ele ficou pálido e caiu para a frente, na cadeira. O irmão de Tim disse a este para telefonar para um hospital. Mas, antes que Tim pudesse responder, a voz de seu pai - que há dez anos ele não ouvia - interrompeu: "Não telefone para ninguém, filho. Diga à sua mãe que eu a amo. Diga-lhe que estou bem". E morreu. Mais tarde, a autópsia mostrou que o cérebro fora destruído pela doença. Abala nossas convicções comuns a respeito da morte, não?
Meu casamento teve requinte, elegância. Coisas que para mim não têm valor algum hoje em dia.
Eu penso com minha própria cabeça.
Alguns dias atrás um comentador anônimo aqui do blog pediu-me que procurasse Jesus.
Há muitos dias que a meteorologia promete (e cumpre!) tempo bom para o estado de São Paulo. Muito sol, temperatura agradável e com estabilidade...
Eu estou viva. Ainda.
Estou tentando entender essa idéia de viver eternamente. Não tenho nada contra. Acontece que "eternamente" é muito tempo. Tempo demais.
Cheguei a pensar, sobre minha postagem de ontem, que estava "traindo" o espírito do blog, com uma repentina confissão de alegria.
Hoje foi um dia muito interessante.
Algumas pessoas parecem achar estranho que uma "suicida" fique aqui escrevendo sobre livros e idéias, respondendo pacientemente aos comentários, quando deveria estar estirada debaixo do edredom, desfrutando da depressão.
As pessoas estão perguntando por que penso em me matar e, se estou mesmo certa disso, por que ainda não o fiz.
Swift, em Viagens de Gulliver, imagina um povo longínquo, onde eventualmente nascem seres especiais, que nunca morrem. Ao conhecer esse povo, Gulliver pensa que tais seres são as criaturas mais felizes que existem. Ao contrário, são-lhe apresentadas pelos normais como as mais desafortunadas, pois se perpetuam numa cada vez mais dolorosa velhice.
Um comentário que veio ontem ou anteontem me fez lembrar deste trecho do Woody Allen. É engraçado, mas não é que é trágico?