quinta-feira, 31 de maio de 2007

O desejo que nos perturba

Tudo o que sabemos sobre a vida é que respiramos, dormimos, comemos, presos nessa excitação de urgências, e, se nenhum desejo nos perturba, podemos então nos divertir com alguma coisa.

Fazemos isso como se viver fosse muito, muito óbvio.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Questão filosófica

Antes de mais nada, como disse Camus, "O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder à uma pergunta fundamental da filosofia".

Não tem nada de simples. Não é fuga nem encontro. Não é coragem nem covardia. O que é?

terça-feira, 29 de maio de 2007

Um lugar bonito

Hoje visitei um lugar bonito. Não, queridos, não era um cemitério. Só porque uma pessoa quer se matar não quer dizer que ela é mórbida, gótica, essas coisas.

Era uma pracinha em construção. Não tinha nada lá. Um funcionário da prefeitura estava colocando a primeira muda de árvore.

Por que era bonito então? Sei lá, o gosto de espaços abertos que o ser humano tem. Sabiam disso? O ser humano aprendeu a gostar de espaços abertos, clareiras, planícies, porque ele podia vigiar bem longe e evitar a aproximação de predadores.

Eu vou explicar melhor porque às vezes as pessoas não entendem Darwin direito. No passado bem remoto, conforme o homem se desenvolveu, existiam pessoas que gostavam de planícies e pessoas que gostavam de matas fechadas. Acontece que aqueles que gostavam de matas fechadas procriavam muito menos, porque eram vítimas fáceis de predadores.

Nós somos descendentes daqueles que gostavam de planícies, daqueles que se sentiam bem em espaços abertos, e que, com isso, conseguiam ficar longe de leões, tigres e outros bichos. Somos parecidos com esses ascendentes, gostamos de espaços abertos.

O ser humano desenvolveu isso por instinto de sobrevivência. Mas então como eu fico? Será que, no fundo, apesar de tudo, ainda tenho algum instinto de sobrevivência? Não, não tenho. Acho que gostei da praça aberta porque a morte também é como uma interminável planície, com um horizonte misterioso e sedutor lá no fim.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

A vida é melhor quando é dura?

Quando a conquista é árdua, o prazer é maior? Queridos, isso é só um lugar-comum. Um clichê.

Existem batalhas árduas que são prazerosas em si mesmo, é verdade. Um pesquisador degusta as leituras, as corridas a bibliotecas e museus, as investigações de campo. Tudo isso são espinhos, mas também são flores. Dez anos de sacrifício compensam pelo trabalho final, pela descoberta, pela elucidação.

Mas coloquem diante desse homem apenas um mês de entraves burocráticos. Ou de carência de recursos. A batalha se tornará árdua por um motivo completamente errado.

Em vez de entrevistas sérias com especialistas, passa-se a conversações intermináveis com o orientador caprichoso e arbitrário. Ou, em vez de acessos a materiais raros em instituições de preservação, passa-se a peripécias de filas e carimbos em documentos que nunca são o suficiente. De repente, aquilo vai perdendo toda a graça.

Pra falar a verdade, tudo dá muito trabalho nessa vida.

domingo, 27 de maio de 2007

Existência ou essência

Certa vez homens bem-intencionados chegaram a discutir sobre se a existência precede a essência, ou o contrário.

Eu vejo a essência e a existência como a mesma coisa, o mesmo lado de uma moeda absurda que tem um lado só.

sábado, 26 de maio de 2007

Eu sou prática?

Eu gostaria de dizer que não tenho nada contra as pessoas práticas. Cada um é como é. Todos são diferentes, mas têm o seu valor. Um dia de sol é igual ao dia de chuva, foi algum poeta que disse.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Chá e biscoitos

Mais um dia se passou, e estou aqui tomando chá, comendo biscoitos. Estou tomando coragem ou estou tentando passar mais um dia?

Vi um cachorro de rua que eu não conhecia. É novinho, eu sei o que aconteceu. Quando era filhote, o menino brincava, a mãe brincava. Agora cresceu e não é mais fofinho. É um bagunceiro que faz cocô. Então você põe na rua, como se não fosse nada.

Mas coitadas das pessoas também. Elas são fofinhas uma hora, e depois vão sendo postas de lado pela vida, como se não fossem nada...

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Ouro de tolo

Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes,
esperando a morte chegar.


(Raul Seixas)

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Minha história

Eu vou contar tudo pra vocês. Por que eu decidi me matar. Só não sei quando. Mas não estou com pressa.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Eu me chamo Carina

Eu estou viva. Ainda.